segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Lágrima...

O homem também chora;
Por isso eu chorei,
Por entre a solidão do perder,
Confirmar que sim,
Que nada mais há a temer
O amor não mede força nem coragem,
Eu sou fraco diante do amor,
Assim me confesso, fraco, sem força,
Do ontem, palavras ásperas, silêncios,
Do hoje, amanhã será, vida que sonho
Quando amo, entrego-me por um nada,
E ontem deixei-me deleitar,
No crente fogo do seu afecto.
Um naufrago, mar do seu amor,
Em ti minha ilha, meu porto de abrigo,
Que agora no longínquo nada vejo perdido,
Onde me amarrei? Quente desilusão,
Arrancada a ferros dos lençóis da alma,
Árida terra fustigada pela tempestade,
Regada a lágrimas,
Onde repousa semente queimada,
Do ontem, que hoje, perdida está,
No vento que varre o sentir,
O sonho, o amanhã!
Assim o homem chora,
Ausência do sonho, do futuro!

Albert Cuddel
29/12/2014



domingo, 28 de dezembro de 2014

Flor,



Pétalas esvoaçando,
O perfume, a cor,
O chilrear do pássaros,
A paixão, o desejo no ar,
Semente plantada que agora germina,
No calor ameno do sol,
Na rega cuidada do amor,
Vem o verão, quente,
Enraizada cresce e floresce,
Agitada pelos ventos norte,
Firme na união e na sua sorte,
Cresce na graça de frutifica,
Frutos, que cuidados são,
Seiva que corre por eles,
Luz, agua, aos frutos,
Por eles…
No outono partem em demanda,
A novas paragens a nova banda,
Repetido ciclo da semente,
Vem o outono,
Apenas os dois,
Corpo belo que agora definha,
Mirra e seca, no projecto de vida!

E já no inverno da vida,
Abandonam o ser,
Ficando em ti
O fruto da união!



  

Tempestade,



Revolta no sentir,
Tempestade, fuga ventosa,
Procura da bonança,
Revolta, esperança,
Cinzento sentir, ligeiro querer,
Procura, busca,
Neste fim, compreender,
Tumulto interior, sombras,
Vontades de crescer,
Amarras destruídas, ideias gritadas,
Caminho tortuoso,
Percorrido cauteloso,
Luta, caos, rodopiantes ideias,
Galopante sentir, quer fugir…
Num instante, luz…
As ideias caem por terra,
Folhas soltas espalhadas pela memoria,
Quem sou, para onde vou,
Quem verdadeiramente busco encontrar,
Neste caminho, neste andar,
Tudo por terra,
Apanhando ideias aqui e ali…

Será que estou certo,
Do caminho que quero….

Albert Cuddel

28/12/2014

sábado, 27 de dezembro de 2014

Castelo na areia!



Grãos de areia perdidos no vento,
De duna em duna, seguindo em carreiro,
Cai grão um após outro marcando o tempo,
Ampulheta virada e revirada de um acento,
Grão a grão praia formada,
Onda estendida, na areia espraiada,
Castelo erguidos, sonhos tidos,
Amores de verão, que vem e vão…

Grão a grão ao sabor do vento,
De duna em duna mar adentro,
Verão terminado, castelo derrubado,
O amor de verão agora quebrado,
Será verdadeiro se for conquistado,
No sonho tido, no beijo roubado!

Albert Cuddel
27/12/2014

Palavras Desconexas - 54

Amar,


Quero saber dizer Amo-te,
Quero saber mostra-te que te amo,
Não bastam palavras,
atravessar o oceano,
Presente na solidão,
na angustia estender a mão,
no olhar, no abraço apertado,
no cuidar na doença,
apoiar na descrença,
no gesto de amparo,
no frio a teu lado,
na flor roubada fora de tempo
na oferta sem contar,
no limpar da lagrima,
no pedir e perdoar,
no querer, no dar,
no oferecer a ti o prazer,
no partir com tudo a perder,
no largar tudo por um olhar,
mesmo assim queria saber dizer,
o quanto sei o que é Amar!
Queria mostrar sem que estivesses a contar,
Que eu mesmo em alto mar sem saber nadar,
Até ai te quero mostrar o que sou capaz por te Amar!

Albert Cuddel
27/12/2014

Palavras Desconexas - 53


sábado, 13 de dezembro de 2014

Demoras?



Ávida, sedenta de ti,
Espero-te na demora,
Que te impede de chegar,
Vem, toma-me como tua,
Quero teu calor em mim,
Louco sentir,
No desespero da lembrança,
Angustiante espera,
Noite caiada,
Aqui semivestida,
Despida alma,
Louca estou, sim…
Exasperação profunda,
Na delonga da chegada,
Amante meu que me fascinas,
Porque demoras?

Ardente desejo que me consome,
Corrói a alma por dentro,
Incandescente como brasa,
Agitada na brisa da sedução,
Meu corpo clama,
Vem não demores,
Toma-me faz-me tua!

Alberto Cuddel

13/12/2014



Erotismo e Sedução – 4

Que sou eu?


Sim amiga, amigo, leitor, leitora,
Quem sou eu?
Que escrevo sobre o amor, desilusões,
Anseios, devaneios, que falo por ele, por ela,
Quem sou eu?
Que exponho o sentir, a necessidade,
A verdade de amar, do querer, do desejar,
Quem sou eu?
Assim sou eu, marido, amante, amigo,
Escrevo de mim, de ti, por mim, por ti,
Assim sou eu,
No querer, no desejar, no sentir, no amar,
Assim sou eu,
Amante incondicional do teu ser,
Do teu querer, do teu sentir,
Desejando a cada hora ter-te em mim,
Teu perfume por toda minha pele,
No sentir do toque do meu rosto,
Assim sou eu,
Marido com defeitos, ciente de meus pecados,
Assim sou eu,
Amante avido e nunca satisfeito,
Assim sou eu,
Por ti, de ti, para ti,
na alegria e na tristeza,
Na saúde e na doença,
Até que a morte nos separe,    
Momentaneamente para a união na eternidade!
Albert Cuddel
13/12/2014

Auto-retrato

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Amor é guerra!


Amor é guerra, é batalha,
É lutado, confrontado,
Gemido, sussurrado,
É lutado, correndo atrás
Deitado, de pé, batalhado,
Perdido, ganho, empatado
Amor é luta constante,
É conquista permanente,
É ganhar o coração amado,
É perdido e dado para o outro,
São os momentos de paz,
Batalha dourada,
Guerra profana
Ou santa, tanto faz
Guerra, portanto,
Não há perigo de paz
Vale dos lençóis, lambuzado
A cama ou campo de batalha
Amor na luta da felicidade,
Do repouso nasce a infidelidade,
Ser feliz é encontrar força no perdão,
Esperanças nas batalhas,
Segurança no palco do medo,
Amor nos desencontros,
Nas longas distancias,
Nas palavras ocultas,
Silenciadas nos disparos,
Amor é guerra, fácil de começar,
Fácil de prolongar, de lutar,
Difícil de acabar, a luta para conquistar!

Albert Cuddel
12/12/2014

Palavras Desconexas- 46


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Espero por ti em mim!

Assim estou,
Perdida no perfume da saudade,
Deixado impregnado na minha pele,
Espinho cravado, na tua ausência,
Veludo da memoria recordada,
Sentida, sonhada, desejada,
Corpo dormente, alma reluzente,
Preenchida, cheia, de ti,
Que agora partes, volta!
Voltarás, hoje ou amanha,
Novo dia, nova noite,
Novo abraço, desejado contacto,
Assim espero, por ti…
Pelo teu imenso amor em mim!

Albert Cuddel
10/12/2014

Sedução e Erotismo - 3

Amor,


Conforto silencioso,
Carinho após a batalha,
Contra forças inimigas,
Que corroem e minam,
A confiança, o sentimento,
Para no fim se unirem,
Forças de cá e do além,
Contra todos, contra ninguém,
Por mim, por ti, por alguém,
Assim ficamos, cansados,
Saboreando a vitória do bem,
Do Amor, da amizade, de quem
Ama de verdade!

Albert Cuddel
10/12/2014

Palavras Desconexas - 43

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Harpa


Desejo natural!


Desejo pontes que me atravessem,
Rios que me transportem.
Raios de sol que me aqueçam o rosto,
Sentir a frescura da relva sob os pés,
Escutar,
Sim escutar o cantar das aves,
Que me trazem novas tuas,
A brisa sussurrando teu nome,
Arrepio que me acende o desejo,
A doçura dos frutos silvestres
Lembrando a frescura de teus beijos,
Desejo, sim desejo,
Dar corpo a saudade,
Transformar sonho em realidade,
Quero-te pintar neste quadro,
Fazer dele fonte de prazer,
Consumar a ânsia da vontade,
Ser tua, ser possuída, pelo desejo
De te ter em mim, natureza pura,
União divina, amor que nos une,
Na distancia de um amanhecer!

Albert Cuddel
08/12/2014

Palavras Desconexas - 42

domingo, 7 de dezembro de 2014

Desolado,



Hoje estou não estando,
Hoje sou não sendo,
Hoje vou onde o caminho me levar,
Hoje paro sem saber que quero parar,
Porque hoje a vontade não existe,
Apenas a tristeza persiste,
Cansado, desgastado,
Sem força para a afastar!

Albert Cuddel
07/12/2014

Palavras Desconexas - 41

Ruínas!


Ergueste vagarosamente e sobrevives,
Das ruínas onde mergulhou o teu ser,
Terramoto do sentir e desespero,
Que tudo há tua volta fez ruir,
A mentira, engano, ilusão,
Traição a confiança do profundo sentir,
Assim de uma vez, tudo fez ruir,
Ergueste vagarosamente e sobrevives,
Reaprendendo a confiar pedra a pedra,
Querendo erguer de novo as paredes,
De uma nova vida, nova forma de viver,
Sim nunca serás a mesma, nunca será igual,
Pedra a pedra, ergueste de novo e sobrevives,
Amor, paixão, confiança, esperança,
Tudo ruiu, espalhado pelo chão do engano…
Ergueste vagarosamente e sobrevives,
Pelo dom do perdão em construção!

Albert Cuddel
07/12/2014

Palavras Desconexas - 40

sábado, 6 de dezembro de 2014

Manhã de inverno!



La fora a gélida manhã,
O frio que me arrepia os ossos,
Quente leito que me conforta,
E tu gelado deitado há porta,
Mãos calejadas, historias sem fim,
Excluído dizem, e tu com tanto a dar,
E tu com tanto a receber,
E eu a vê-los passar,
Um trabalho pedes,
Um lar desejas,
Tens vantagens dizes,
Liberdade, sem grades, sem prisões,
Mas a que preço, tu que nada tens,
Nada possuis,
Tens essa força de viver,
Esse teu jeito solitário de ser,
Sociedade esta, que impõe,
Preceitos, restrições, condições,
Egoísta, preconceituosa,
Defeituosa, nada caridosa,
E eu? Que egoísmo o meu,
Se nem contigo partilho meu pão,
Se nem contigo escuto o coração,
Se nem em teu rosto cansado e gasto,
Reconheço o seu rosto que me carregou,
Que me transportou em seu regaço!

Albert Cuddel

06/12/2014


Palavras Desconexas - 37

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Saudade diária!

A cada dia revivemos a saudade,
Na triste e dolorosa partida,
Na ânsia expectante da chegada,
A cada dia partes, a cada dia chegas!

Dor lancinante, que fere meu peito
Na amarga distância de teu corpo
Refúgio da memória, quente e doce
Do sabor doce e envolvente do teu beijo.

Partes a cada dia, deixando meu corpo
Carente e precisado do preciso teu toque
Fico assim vendo partir, tu que completas
Tu que me preenches a solitária alma.

Vai, porque assim te espero,
Revivendo na saudade do teu calor!

Albert Cuddel
04/12/2014

Palavras Desconexas - 33

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Queda!

Na borda do abismo,
Quietude, silencio,
Voz que clama,
Ecoa e repete,
O chamamento,
Abandona teu ser,
Cai…
Deixa-te levar pela brisa,
Desiste da guerra constante,
Da luta, do quer,
Desiste do sentir,
Vem…
Sai desse corpo,
Cai na plenitude do ser,

Sem fronteiras,
Sem barreiras,
Deixa-te cair…
Quero acolher-te
Nos meu braços,
Na fria constância,
Do fim…

Albert Cuddel
02/12/2014


Palavras Desconexas - 29

Quando as palavras valem mais que o sentir!


De que vale amar,
Se dito não acredita.
De que vale entregar-se,
Se crê que existe partilha.
De que valem as letras,
Se não entendidas juntas.
De que valem as amizades
Se as mesmas são ignoradas.
De que valem palavras de conforto,
Se as palavras não são escutadas.
De que vale pisar areia molhada,
Se com a água a mesma é apagada.
Palavras valorizadas acima do seu valor,
Palavras incompreendidas potenciando a dor,
Palavras ditas, discutidas no calor,
Palavras que destroem sentimentos,
Palavras que ferem e matam,
Palavras que podem apagar o Amor!

Palavras nada sabem,
Sobre o valor do sentir,

Palavras nada dizem,
Quando devem ser sentidas,
Palavras nada crêem
Quando não queremos acreditar
Que meu mundo existe
Só por te amar!

Albert Cuddel
02/12/2014

Palavras Desconexas - 28