terça-feira, 2 de junho de 2015

Leio(me)



Leio(me)

Não nas frases e versos já escritos,
Não nas rimas quadras e sonetos,
Mas nas entrelinhas desses ditos,
No que não foi ainda porém escrito,
Pensado, versejado, lido, desenhado!

Leio(me) no olhar cansado do mendigo,
Leio(me) no passo apressado no caminho,
Num olhar triste de alguém perdido,
No rosto inocente de uma criança,
No sofrimento do rosto de Cristo!

Leio(me) na alegria da face da noiva,
No rosto puro e singelo de Maria,
No cantar incessante da cotovia,
Na beleza pura da voz de uma diva!

Leio(me) no teu rosto, espelho de mim,
Nas palavras soltas que escrevo sem fim,
Na forma apressada com que escrevo,
Na sorte amaldiçoada de um só trevo!

Leio(me) para me poderes ler a mim!

Alberto Cuddel

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