terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Águas Calmas


Na mansidão das águas
Espelho de minha alma na manhã,
Depois de refreada a revolta
Noite que te envolveu…

Depois de saciada a fome e a sede,
Desejo que nos consome por dentro,
Reprimidas palavras que o acendem
Nos gritos abafados da discussão,
Por um qualquer motivo sem sentido,
Nos entregamos à calma vontade de estar,
Sim estar, esse é o nosso divino estado,
Estamos apaixonados? Com certeza,
Mas somos? Sim, somos,
Amantes incansáveis, insaciáveis,
Do estarmos, do sermos, assumir que somos,
Namorados, casados, amantes sem tempo,
Nas calmas águas, que o sentir nos traz!

Assim na transparência das águas,
Todo és sentir, espelho do meu desejo,
Em ti, em mim, te vejo,
Te sinto, na terna doçura,
Que é fazer amor em apenas um beijo,
Num silencioso olhar distante,
Carente no tempo, que a noite te traga,
Na longínqua saga, que meus braços
Anseiam de novo envolver!

Amar, sem que palavras sejam ditas,
Apenas sentidas no intimo do movimento
Perpetuo e sincronizado dos corpos!

Amor, arte de ser novo a cada dia!

Alberto Cuddel
20/01/2015

Palavras desconexas - 68


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